Abikú
Era chamada de abikú uma criança que se acreditava nascer e morrer várias vezes. Por exemplo, quando uma mulher dava à luz um filho e este morria, e ela continuava a ter filhos que morriam cedo ou que nasciam mortas, os iorubá acreditavam tratar-se da mesma criança que morria e voltava. Daí o nome de abikú: bi - nascer, e ku - morrer.
Diz a tradição que os abikú eram crianças que gostavam de escuridão, de andar sozinhas pelas encruzilhadas ou pela beira dos rios ao por do sol. Por isso as mulheres grávidas não deviam sair à noite, nem passar em encruzilhadas, porque se encontrassem uma dessas crianças, ela poderia substituir a criança que estava dentro da barriga, só para fazer a mãe sofrer. Dizia-se que eram crianças que prometiam voltar para o céu num determinado prazo, e então morriam. Não tinham pena nem medo de ninguém, e só faziam maldades. Eles sabiam quando alguém usava um amuleto para evitá-los.
No dia em que decidiam vir à terra, nada os segurava, nem mesmo os feitiços para evitá-los. Só os babalawo antigos e experientes ainda conseguiam controlá-los.
Para conquistar o abikú podiam ser tomadas três medidas.
A primeira era levá-lo a um babalawo poderoso.
A segunda, dar-lhe um nome de perdoar, ou de “prendê-lo a nós”. Com esse tipo de nome ele poderia ficar sensibilizado e resolver ficar. Esses nomes eram, por exemplo:
Durojeye (fica e desfruta do mundo),
Durosinmi (fica e descansa comigo),
Malomo (não vá mais embora), ou
Jokotimi (senta e fica comigo).
Naturalmente hoje em dia apenas um pequeno número de pessoas acredita em abikú, e sabe-se que a morte contínua dos filhos se dá devido a problemas que já possuem solução na medicina moderna.