segunda-feira, 19 de março de 2012

VESTUÁRIO YORUBA


Vestuário yoruba
Antes da colonização os iorubá só usavam roupas típicas, hábito que permanece até hoje, porém com modificações de influência ocidental.


Trajes sociais masculinos (egbejodá)
Para sair, os homens idosos e ricos usam uma túnica grande, chegando até aos joelhos, chamada dàndógó. É comum seu uso entre chefes de cidades.
Outra túnica típica é o agbádá, largo, bem simples, feito em qualquer tipo de tecido. Costuma ser usado por adultos, mas jovens também podem usar.
Já o gbárìyè é uma túnica sem mangas, com dois bolsos e bordados artísticos na frente.
Há também o bùbá, comprido, de tecido leve, e com mangas curtas ou compridas. É aberto do lado na altura do peito, e fecha com três botões. Serve também para usar como roupa de baixo.

 Dànsíkí é outro tipo de roupa que pode ser usada por baixo.
Todas essas roupas são usadas sobre diversos tipos de calça (sòkòtò):

Sányinmotan - tipo de calça apertada nas pernas, que chegava pouco abaixo do joelho. Era usada em situações de trabalho em que a perna da calça pudesse atrapalhar. Hoje em dia não se usa mais.
Soro - é uma calça comprida, até à altura do sapato. A boca não é muito larga. Costuma ser usada com o  
 bùbá.
Kembe - é uma calça tradicional, muito larga desde a cintura até à altura do joelho, depois afinando para baixo até aos pés.
Nenhum iorubá sai com suas roupas tradicionais, sem um chapéu (filà), que pode ser do tipo òrìbì, bentigo, àkete ou eleti aja, que tem pontas laterais, como orelhas de cachorro.




Trajes femininos
Para sair as mulheres iorubá usam:
Aso ìró - é uma roupa enrolada em torno da cintura até aos pés, como uma canga. Costuma ser usada em cima do bùbá feminino, feito do mesmo tecido. Atualmente esses modelos são feitos em tecidos europeus.


Bùbá feminino - Semelhante ao masculino, mas com mangas mais curtas.
Sìmí é uma roupa para ser usada sob o bùbá. Principalmente quando o bùbá é de renda ou lese, devido à transparência.
Sobre o ombro esquerdo usa-se o iborùn (tipo pano da costa das baianas), que pode ser de tecido inglês ou de aso oke.
Quando as mulheres se vestem com esses trajes típicos, é indispensável usar um turbante (gélé) muito bem trabalhado.
Para completar colocam braceletes, anéis e cordões, pintam o rosto com atike e colocam tiro nas pálpebras.

sexta-feira, 16 de março de 2012

EGÚNGÚN






                                   EEGÚN / EGÚNGÚN
                     Kí gbogbo eguns fún e l’áyò ire ó __Que todos os eguns tragam boa sote 



 
Egúngún é o que o povo chama de Ãrá-Orun-Kìnkìn. Em vida cada pessoa é dirigida por um espírito. Ao morrer, o espírito a acompanha até ao céu. Para evocar os espíritos dos mortos faz-se uma festa uma vez por ano, para chamar Àrá-orun e pedir-lhe para vir à Terra. A festa não tem dia certo.
 

O espírito não se vê, mas sente-se a presença. 
o egungun é vestido com uma roupa própria, chamada ago que o cobre da cabeça aos pés, que pode ser branca pintada de azul, de tiras coloridas,  dependendo do local.
Eegún usa máscara, que pode ser de madeira, a força espiritual deste Eegún pode fazer coisas incríveis, como flutuar, fazer chover, pegar fogo à distância, aumentar de tamanho, curar epidemias, etc.
Cada família tem o seu Eegún, com nomes diferentes. Representa uma pessoa da família que já morreu e volta no dia da festa. Cada cidade também tem os seus Eegún.
No dia de Eegún sair à rua, ninguém pode encostar nem na roupa dele, devido à sua grande força. Quando é necessário, como em casos de seca, epidemia, etc. ele sai pela cidade, para melhorar a situação.
Há um tipo de egungun que é folclore. Ele sai pelas ruas da cidade e as crianças correm atrás gritando, e ele bate nelas com uma varinha chamada atori. Nesse caso não há envolvimento de nada sobrenatural.





Nas festas de Eegún todo o povo se reúne. Quando ele chega, faz milagres, dá conselhos, prevê o futuro, e dança ao som dos atabaques. Os Eegún mais velhos e mais fortes sentam e apreciam.
Alguns costumam ir de casa em casa. Ao chegar, os moradores se ajoelham e oferecem-lhe presentes como carneiro, dinheiro, óleo, sal, cabra, mel, etc. Ele então usa todos os presentes para fazer um trabalho para aquela casa, e pede coisas boas para os moradores.
No mato existe um local apropriado para Eegún sair. Chama-se igbàle, e fica num local chamado igbo-oro. Uma pessoa chamada atokun toma conta do local.
 



A presença de Eegún deixa bem claro que a relação entre os mortos e os vivos existe e não vai acabar.
Em cada localidade existe um tipo de Eegún, com suas peculiaridades. Há vários em Oyo, sendo que um deles, o Elewe, dança ao som de atabaques especiais, chamados bàtá e gangan.
Em Ibadan há um tipo chamado Alápánsánpá e outro chamado Olóòlu, que só sai quando alguma coisa de ruim acontece na cidade, e quando sai não pode ser visto pelas mulheres.
Em Egbá tem Gelede, Elegbódo e Àwùrù, dentre outros.
Em Ekiti recebe o nome geral de Epa, com várias qualidades diferentes, como, por exemplo, Okotorojo, que usa máscara de madeira.
Em Ijeru chama-se Aje, ou Ako Egúngún.
Em Ado recebe o nome de Eegún Ado, e divide-se em Ede e Osasa..
Em Èkó (Lagos) há, por exemplo, Awori e Adimuòrìsa, com a qualidade Eyo.
Em Akoko, perto de Ondo, há uma qualidade de Eegún chamada Apajebúje (mata-feiticeiro-e-come), que sai sempre que acontece algo ruim na cidade. Ele percorre a cidade a pé. Sua roupa é feita de folhas secas de bananeira. Quando ele volta para o mato, após percorrer a cidade, o problema fica resolvido. Se for chuva ela para, se for epidemia, acaba em sete dias.


Em Ikare existe um Eegún que chamado Olomodun, que usa penas na cabeça. Usa um tipo de manto de tiras de pano colorido, enfeitadas com espelhos. Este Eegún só sai no final do ano, e geralmente trabalha para mulheres que não podem ter filhos. No ano seguinte as mulheres que ganharam filhos graças a ele levam as crianças para ele ver.
Mas o mais estranho é um Eegún da tribo dos Tapas, chamado Igúnnú, que chega à altura de 10 a 15 metros.
No Brasil os Egungún eram tradicionalmente cultuados somente na Ilha de Itaparica, na Bahia. Atualmente o culto vem sendo difundido em outros locais.

quinta-feira, 15 de março de 2012

ELEMENTOS DO CORPO HUMANO



Segundo a filosofia religiosa yorubana, o ser humano é composto de quatro elementos ou corpos que
permitem, ao combinarem-se, sua estadia no mundo terreno.
O mais conhecido destes corpos é o físico, denominado "ará" em yoruba. É o corpo material que permite a
plena manifestação do ser humano no plano físico e material da existência.
Outro destes elementos, é o denominado "Ojijí", corpo ou forma telúrica, conhecido em outras escolas
filosóficas como "sombra" ou "corpo astral". Trata-se de um doble exato de nosso corpo físico, que aprende tudo o
que sabemos, adquire todos os nossos costumes, hábitos e vícios; nutre-se dos fluidos exalados pelos alimentos e
bebidas por nós consumidos, e que, por este motivo, adquire as nossas preferências alimentares.
Ojijí é uma forma fornecida pela Terra, responsável pela guarda de nosso corpo físico, subsistindo, mesmo
depois da sua morte, enquanto este não for inteiramente decomposto e, em forma de pó, entregue à Terra que
forneceu toda a matéria de que foi formado.
É Ojijí que apresenta-se sob a denominação de "Egun", depois da morte do corpo físico.
O terceiro corpo é denominado "Emi". Seria também um protótipo criado em plano superior de existência e
que serviria de projeto de nosso corpo físico. Emi é o sopro de vida que nos dá o ânimo e conseqüentemente, a
condição para viver. Seria portanto o equivalente à alma da cultura judaica-cristã. Passa também por um processo de
"morte" que ocorre algum tempo depois da morte física.
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O quarto e mais importante componente, é "Iporí", a Essência Divina que, individualizada e desprendida de
sua Origem, habita cada um de nós. Iporí teria por sede a cabeça (Ori) e, ao encarnar num novo indivíduo, perde a
consciência de sua origem divina, de seus atributos e qualidades, embotado que fica pela queda e aprisionamento na
matéria.